6 de julho de 2015

Racistas, sexistas, homofóbicos, machistas e politicamente corretos - a deficiencia intelectual de grau moderado da nossa sociedade.



Imbecibilidade, segundo as informações que constam na maior enciclopédia livre do mundo, é um termo em desuso pelo fato de ser agressivo, por isso substituído pela expressão do título dessa postagem. Aliás, neste acaso específico, imbecibilidade seria o termo correto para definir as ações impetradas e noticiadas nestes últimos dias que merecem um momento de reflexão ou análise dos fatos, sem fazer nenhuma pretensão psicológica do perfil dos agentes ativos das situações.
Expressão que vem do latim "Imbecillitas atis" significa Covardia; ausencia de bravura ou coragem.
Em todas as suas definições, retratam o perfil de uma sociedade que não tolera o outro, principalmente quando esse outro  é negro/índio ou mulher, ou homossexual.

Uma sociedade em que os valores compartilhados ferem a dignidade do outro, padece de uma doença crônica de ausência de humanidade. Então vamos começar a destilar o veneno, deixar cair as gotas da história nessas atitudes enraizadas de crueldade e desrespeito à dignidade humana.

Os alvos dessa crueldade são sempre os mesmos, porque há uma necesidade de denegrir, inferiorizar, diminuir  o outro para que alguns se sintam elevados numa escala social que beira a "sociopatia". A exposição da figura feminina violentada, estuprada, dá uma ideia dos monstros que estamos parindo. As fotos da presidente Dilma, numa montagem pornográfica, fazendo apologia ao estupro, em adesivos vendidos pela internet em um site de compra (ressaltando que foram retirados do site até o momento dessa publicação), são ofensivas, degradantes. Não é só por causa da posição que essa mulher ocupa no Brasil, mas é pelo fato de ser mulher. Independente de qualquer posição ou situação, de ser rica ou pobre, professora, lavadeira, atriz, dançarina... é o corpo violado sendo punido por ser mulher. Interessante como nunca fizeram nada parecido com FHC ou Lula, já que a justificativa foi antipetista. Já pensaram como seriam esses adesivos? Nem pensem, pois uma sociedade pautada no machismo, imagens pornográficas de homens expostas dessa forma seriam inconcebíveis. E ainda nos surpreendemos com o índice de crimes contra a mulher! Diante do que estamos presenciando, é terrível constatar que atitudes como essas são compartilhadas por muitas mulheres, qua ainda não se emanciaparam intelectualmente e vivem a sombra da imbecibilidade.

Nesta semana, em rede social,  a dignidade da mulher negra foi abalada na pessoa da jormalista Maria Julia Coutinho na pagina do JN com insultos e ofensas, e os internautas se deram conta que a tal democracia racial nesse país não passa de demagogia barata. Comentários como "que crueldade!", "como pode existir gente assim?" demonstraram que tem muita gente alheia ao que acontece de fato no reino encantado da hipocrisia. Tem muita gente assim, esse caso é o mínimo da crueldade que as pessoas fazem com negros e índios, e não é vitmismo não, é a realidade nua e crua.
Quantas páginas na internet de redes sociais são denunciadas pelo teor racista e homofóbico, que incitam o ódio, a degradação! Quantas situações humilhantes que mulheres e homens comuns passam quando entram em lojas, quando são chamados de macacos, quando são objetos de piadas...

E por falar em piadas, nada melhor que rir do outro. Rir porque é feio, é gordo, é preto, é gay. Para um grupo de defensores da moral e dos bons costumes, gay não é gente. Então abre precedentes para agredir, espancar, matar homossexuais. O Brasil é campeão em crimes de homofobia, o ódio é incitado nas bancadas parlamentares, nos discursos de alguns religiosos, para justificar a construção da sociedade perfeita, onde as referidas aberrações não são aceitas, são imperfeitas, portanto precisam ser eliminadas. A sentença de morte está declarada, salvem-se quem puder!

Essa sociedade padece da doença do preconceito com altas doses de ignorancia e espalha o vírus através de agentes como a mídia, a política, os altares de igrejas, os homens bons.  São situações reais e banalizadas porque fomos criados a imagem e semelhança de um padrão civilizatório fundamentado no homem, branco  e cristão que decidiram em muitos momentos da história quem seria civilizado, quem poderia participar do banquete, com quem deveriam casar, quem moraria na casa grande ou na senzala. Foram os defensores da família que determinaram que a mulher não poderia estudar, trabalhar, votar, sentir prazer. Que foram contra a abolição e contra o casamento entre negros e brancos, resultando em leis de branqueamento, excluindo a população negra em todos os aspectos do nosso Brasil.

Essa foi a herança da colonização e que ainda colhemos o fruto da deficiencia intelectual de grau moderado, a imbecibilidade.





18 de março de 2015

Destaques


Destaques


Entrega do Trofeu Genilson Mota 2015

Dheine Brenda - Deusa de Ébano 2014 PROJETO DE CULTURA  AFRICANA 
Encontro das Escolas Estaduais no Carnaval que resgata a  tradição da folia em Petrolândia

Projeto A Escola vai à Aldeia, visita da EREM Maria  Cavalcanti Nunes ao povo Pankararu em 2014

8 de março de 2015

Dia Internacional da Mulher... o que comemorar?


Mulheres do mundo inteiro, neste monento, estão recebendo mensagens, flores, textos que expressam como são especiais, perfumadas, guerreiras, mães e tudo o mais. Nada contra, mas estamos comemorando mesmo o quê?

O Dia Internacional da Mulher foi instituído com o propósito de homenagear aquelas mulheres operárias vítimas da violência e as que organizaram uma manifestação no contexto da luta por melhores condições de trabalho e de vida. Hoje é um dia em que o mundo precisa parar para lembrar quantas mulheres são vítimas de violência, quantas mulheres são assassinadas no mundo inteiro. É dia para realização de assembleias, congressos, simpósios, reunião de condomínio, associação de moradores, seja lá onde for, espaços para discutir ações que diminuam ou eliminem toda forma de violência contra a mulher.

Segundo a ONU, 7 em cada 10 mulheres já foram ou serão violentadas em algum momento da vida. Ainda explicita que a violência contra as mulheres é uma questão cultural, machista, desigual. A tendência de inferiorização dessa mulher acarreta danos irreversíveis na nossa sociedade. Os crimes contra a mulher apesar de  receberem uma atenção por parte da ONU,  ainda não é o bastante para eliminar essa prática cruel.



FEMINICÍDIO, CRIMES DE HONRA, MUTILAÇÃO GENITAL, FEMINICÍDIO RELACIONADO AO DOTE, CASAMENTO FORÇADO, TRÁFICO, são práticas culturais que violentam a dignidade, o corpo da mulher no mundo. Os dados são expressivos, os índices de morte dessas mulheres aumentam a cada ano, apesar dos avanços.



Em 2014 foram mais de cinquenta mil denúncias de violência contra a mulher no Brasil, estas corresponderam a violência física, violência psicológica, violência patrimonial, violência moral, violência sexual, cárcere privado e tráfico. É o mapa da violência contra a mulher no Brasil.

E retornamos a pergunta? O que comemorar?

Pernambuco ocupa o 10º lugar no rancking nacional de violência contra a mulher, segundo o Mapa da Violência de 2012. O Brasil é o 7º entre 80 países onde mais se matam mulheres. Temos Leis que coibem esse tipo de crime, mas a precisamos fazer valer a investigação e imputar punições descritas em lei. Lei Maria da Penha e Lei do Feminicídio precisam ser conhecidas, colocadas em prática.


A escola tem um papel fundamental para mudar as estruturas, transformar a sociedade, por isso usamos nesta postagem imagens produzidas durante o ensaio fotográfico realizado pelos estudantes da EREM Maria Cavalcanti Nunes que fazem desse dia 08 de março a data para lembrar as conquistas, mas acima de tudo que toda mulher merece respeito. Não se cale diante da violência contra a mulher, denuncie!

2 de setembro de 2014

Do you speak English? Yes, of course yes. O PGM leva mais três estudantes da EREM para o Canadá.



Sim,  eles falam inglês e por isso vão para o Canadá. São os intercambistas da Erem Maria Cavalcanti Nunes que embarcam neste mês para uma das maiores experiências que vão vivenciar em suas vidas, passar um semestre num país de língua estrangeira aprimorando o inglês. São eles: Naiquem Pilmayquen, Arlindo Feitosa e Fredson Felipe, todos estudantes do 2º ano do Ensino Médio.
Quando perguntados sobre a experiência e suas expectativas, uma cofusão de sentimentos une-se a um emaranhado de dúvidas e fica difícil de descrever o que estão sentindo, mas deixaram aqui no blog a tentativa de explicar o que está passando nestes corações.

Será que eles não têm medo? É claro que sim, tudo é muito novo. Fredson Felipe deve embarcar até o da 07 de setembro, as expectativas são grandes e o nervosismo começa a tomar forma, por isso descreve como se sente diante da possibilidade de encontrar um outro mundo, uma outra realidade:

"No começo de tudo eu sabia que a qualquer momento poderia surgir um pesamento negativo, que poderia surgir um talvez. Então me pus em uma esteia rolante, que não tinha volta, que apesar de qualquer coisa eu poderia cair, sem  ao menos tentar. E no final dessa esteira haveria uma porta, que definitivamente significava o talvez, o talvez negativo ou positivo. Aquela porta seria a certeza de deixar por algum tempo as pessoas que amo, mas que esperava como um sonho de criança, que finalmente seria realizado. Por trás daquela porta se encontra um mundo diferente, com pessoas diferentes, que não sei ao certo o que pensam, ou o que comem, se vou agradar. Só sei que preciso ser eu mesmo, e aprender sua língua e sua cultura."

Quem também embarca na próxima semana é Arlindo Feitosa, e como os outros intercambistas está ansioso pela viagem, pela experiência, mas com medo do que está à sua frente, o desconhecido. Entre um e outro encontro de despedidas, ele nos conta sobre seus sentimentos nestes dias de pré-embarque e como está se preparando para esta experiência grandiosa.

"No começo desse ano fiz a prova do intercâmbio, passei e no dia 07 de setembro devo estar embacando para o Canadá. Sabe aquela sensação de medo, misturada com a de alegria? É assim que estou me sentindo. Já estou perto de embarcar, ainda não conheço minha Host Family (muito ansioso para conhecer), minha mãe chora muito. Eu sei que é difícil pra ela a separação e a distância, mas sei que está muito feliz por minha conquista. Tenho medo do que vou encontrar, experimentar, da saudade que vou sentir de todos. Mas é uma conquista, um sonho que se tornou realidade e 6 meses passarão muito rápido."

Naiquem Pilmayquen já viajou, a esta hora deve estar  vivendo suas primeiras horas de adaptação num país estranho, numa cultura diferente, numa família que deverá ser sua até o final do intercâmbio. Conheceu sua host family antes de embarcar e já deixou muitas saudades.


"O Programa Ganhe o Mundo está  dando a chance de transformar  minha vida, como já fez com outros jovens estudantes. Eu vejo esse intercâmbio como uma oportunidade única de conhecer novas culturas, outras pessoas. Eu me sinto muito feliz em participar dessa experiência maravilhosa, e sei que essa conquista não é só minha, é de todos que estão sempre comigo, minha família, meus amigos, meus professores e todos os que fazem esse programa ter sucesso. Sou parte da família PGM e me orgulho disso."



Eis que os filhos de Petrolândia criam asas e voam para bem longe, onde os sonhos se tornam realidade, onde o sucesso espera por vocês. Mais uma vez o Programa Ganhe o Mundo leva estudantes do sertão pernambucano para o exterior e estamos felizes que a Erem Maria Cavalcanti Nunes tem sua representação neste embarque e em outros que virão. Sucesso meninos, uma boa viagem e quando retornarem tragam na mala mais conhecimento e muita riqueza cultural.

12 de agosto de 2014

Como entender o conflito entre israelenses e palestinos fácil, fácil com 5 perguntas essenciais.


Conta um colega de trabalho que uma moça encontrou o gênio da lâmpada, e foi logo dizendo que ela tinha direito somente a um pedido, pois era um gênio muito jovem, tinha somente 2.000 anos de idade e não estava habilitado a realizar mais desejos. A moça então pegou o mapa e mostrou a Faixa de Gaza: ta vendo essa região aqui? Seu povo vive em guerra por muito tempo, mas não entendo esse conflito, poderia me fazer entender?
O gênio procurou todos os jornais e as últimas notícias sobre o conflito no Oriente Médio eram assustadoras, as ofensivas não poupam a população civil que se vê no centro de uma questão não só territorial, mas religiosa e política. Com o mapa nas mãos, indagou: o que você quer saber?

      Qual a origem desse conflito?  As tensões nessa região remetem-se ao primeiro fator de conflito é a disputa pelo território da Palestina, terras sobre as quais palestinos e israelenses têm direitos. Como entender esse contexto? Muito simples, a região da Palestina localizada entre o rio Jordão e o Mar Mediterrâneo foi povoada pelos muçulmanos e outras comunidades árabes. Por outro lado, os  judeus tinham sido  expulsos da Palestina pelos romanos na primeira era cristã, e sem a pátria, os judeus dispersos acalentavam o sonho de voltar à terra, e na sua ausência,  a região foi ocupada por outros povos, os quais reivindicam o direito de permanência nesse lugar.


O desejo de retornar à sua terra  fez com que muitos judeus começassem a reocupar a região, começando um processo de migração, além disso, os judeus mais ricos puderam comprar possessões de terras através do governo britânico na época em que a região da Palestina ficou em poder da Inglaterra. Os ingleses também se comprometeram em ajudar os judeus a construir um estado livre e independente no território palestino. As áreas de assentamento foram formalizadas com essa finalidade.

Judeus e palestinos tiveram que conviver num ambiente de disputa e diverso, e um ambiente hostil se estruturou. Após a Segunda Guerra Mundial em 1947 a ONU  estabelece a divisão do território entre judeus e palestinos. Os judeus ocupariam 57%  das terras com seus 700 mil habitantes e os palestinos ocupariam 43% com uma população de 1,3 milhão de habitantes. A conseqüência dessa intervenção foi a Guerra entre Israel e a Liga Árabe. Israel venceu o conflito e ampliou para 75% o domínio sobre as terras da região, área reservada para os palestinos.  Em 1948, a ONU reconhece o Estado de Israel. Existe uma demora em  criar o Estado Palestino, uma das causas do conflito.

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 E a Faixa de Gaza? A Faixa de Gaza fica localizada na Palestina, entre Israel e Egito, concentra hoje uma população de um milhão e setecentos mil habitantes. Toda cercada por muros, durante a semana, uma vez ao dia, é aberta uma passagem para circulação de trabalhadores internacionais e um número limitado de palestinos que autorizados para ajuda médica e humanitária.  Em 1950 essa região ficou sob o controle do Egito, representando os interesses palestinos. Em 1956, Israel tomou a Faixa de Gaza, recuando no ano seguinte devido as pressões internacionais. Mais tarde, em 1967, Israel invadiu Jerusalém, Cisjordânia e a Faixa de Gaza, se recusando a devolver o território aos palestinos.  E para defender a luta palestina, foi criada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), seu líder Iasser Arafat  tinha o apoio do Al Fatah, organização que prega a luta armada e o terrorismo para destruir Israel.

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      O que é a intifada? A intifada tem  sinônimo de revolta, a revolta dos palestinos contra os israelenses .No início da década de 1980, os árabes iniciam a Intifada, rebelião popular em Gaza. Palestinos enfretaram os soldados de Israel nas ruas, e se enfrentam desde então. A comunidade palestina enfrentou os soldados israelenses com pedras e paus.
A Segunda intifada ocorreu após o líder israelense Ariel Saron caminhar pela esplanada das mesquitas e templos considerados sagrados para judeus e muçulmanos, começando uma nova revolta no ano 2000.
Em 2008 o Hamas convocou os palestinos para uma nova intifada

4    Quais os grupos envolvidos nesse conflito? É nesse contexto que devemos conhecer os grupos envolvidos no conflito, que reúne não só a questão política – territorial mas um complexo religioso significativo:

   Fatah – criado em 1950 por Yasser Arafat tem o objetivo de recuperar a totalidade das terras palestinas dos israelenses. De religiosidade muçulmana e sunita, na Cisjordânia.
         Hamas – movimento de resistência islâmica criado em 1987 é contrário á existência de Israel e quer sua destruição. Para o mundo ocidental é conhecido como grupo terrorista, porém é responsável pela administração de escolas e hospitais. De religiosidade muçulmana e sunita, em Gaza.
  Hesbollah – criado no Líbano, buscava resistira á ocupação israelense, busca a criação de um estado islâmico xiita.
   Jihad – criado em 1970, é o braço armado do Hesbollah, prega a constituição de um Estado islâmico na Palestina e destruição de Israel.


5        Existe a possibilidade de um cessar fogo definitivo? O atual conflito na Faixa de gaza já  dura um  mês, quando três jovens israelenses foram encontrados mortos. Israel atribuiu a autoria do sequestro dos jovens ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza. A Cisjordânia, controlada pelo Fatah  também foi alvo do ataque israelense. Nos últimos dias, os acordos de cessar fogo foram estabelecidos. França, Reino Unido, Alemanha, Egito são nações que pedem um cessar fogo definitivo. Durante a trégua, as negociações são discutidas, entre elas o fim do bloqueio a Faixa de Gaza e desarmamento dos militantes do Hamas. Até agora o saldo é de 1.900 palestinos mortos e 67 israelenses.




21 de julho de 2014

Tereza de Benguela, mulher preta como eu. Julho é o mês de Tereza, é o mês das pretas.



Historicamente o protagonismo das mulheres negras foi tão invisível quanto sua cor, vítimas do sistema escravista implantado no Brasil, vítimas de uma ditadura racial. Tereza de Benguela, preta, como muitas de nós, mulher, mãe e filha de um povo que sempre lutou por liberdade, por direitos, por seu lugar numa sociedade respaldada em padrões ditados por ideologias que sempre desprezaram as diferenças.  Uma sociedade escravocrata que determinou o uso e abuso de tantas mulheres negras, trazidas e tratadas como propriedade de seus senhores. Mães e filhas pretas como  a noite, onde eram possuídas e defloradas para o prazer carnal do homem branco. Mães que tinham arrancado dos seus peitos o filho nascido para alimentar o filho do senhor, amas de leite, de sangue e de alma. Mulheres guerreiras resistentes, que viviam com o sonho de liberdade, de um dia viverem com dignidade, de serem vistas como seres humanos.  E elas se lançavam na luta, nas fugas para lugares sem algemas, sem o açoite, sem o castigo, sem a violência, onde poderia conviver com seu povo, um lugar só seu.

Tereza era mulher preta, guerreira, foi escrava trazida da África,  fugida, que lá no Mato Grosso viveu com o marido no Quilombo Quariterê, no século XVIII.  Após a morte do seu marido,  a Rainha Tereza assumiu o comando da comunidade. Tornou-se uma líder organizada, estruturou economicamente o Quilombo, organizou o sistema de defesa com armamentos, desenvolveu a agricultura de algodão, fabricando tecidos que eram comercializados fora dos quilombos. A sua comunidade contava com mais de 90 pessoas, e foi administrada com mãos de ferro, visando o bem comum do seu povo. Morreu lutando, nunca negou sua origem.

Rainha negra que passou despercebida, invisível, como muitas mulheres negras que resistem à escravidão de um sistema excludente, que são açoitadas nos troncos dos padrões de uma sociedade que tenta embranquecer suas origens, que sofrem com o preconceito e a discriminação que grita, que agride, que ofende. Uma rainha negra como muitas mulheres negras que assumem o papel de comandar, de estruturar uma sociedade, de defender sua identidade com as armas que possui.

Tereza de Benguela, rainha negra, hoje personificada nas mulheres pretas que protagonizam suas vidas e do seu povo, que vão às ruas lutar contra uma nova escravidão: a econômica. Essa escravidão que destina a população negra discriminação não só racial, mas de classe, uma classe marginalizada.Uma marginalização explícita nas situações de violência, de assistência médica, de acesso à universidade, nos restaurantes, hoteis, locais de trabalho, etc. sujeitas sempre às discriminações raciais e de gênero.

Este mês é para homenagear Tereza e todas as mulheres negras latino-americanas que protagonizam a luta contra a discriminação e o racismo. No dia 25 de julho as vozes negras se levantam para lembrar que permanecemos na luta por uma sociedade mais igualitária, por políticas públicas capazes de melhorar as condições do povo negro, por espaços numa sociedade que ainda teima viver sob o prisma da inferiorização de uma raça, de uma cor. Preta é nossa cor!

11 de maio de 2014

Pelas mães martirizadas... roguemos!







Salve as Marias, mães que devem ser lembradas
Onde as dores e martírios estiveram convosco nas mãos de seus algozes,
Claudia, Fabiana, Sandra Lúcia, Jaci. Marias, mulheres, mães...
Benditos sejam os gritos na defesa dos teus nomes
Benditos sejam os frutos na luta contra os impunes

Santas Claudias, arrastadas e mortas por quem deveriam defende-las
Roguemos por seus filhos, órfãos de um sistema falido, sem carinho, sem amor de mãe.
Santas Fabianas, donas de casa subjugadas, espancadas pela fúria de uma sociedade
Que se encontra perdida, apedrejando a vida de filhos, órfãos de mãe
Santas Sandras, brutalmente assassinadas pelos companheiros
Vítima de uma profunda confusão: amor e obsessão
Santas Jacis, mortas pelos próprios filhos
Escravos da dependência e da violência

Lembremos delas com todo o carinho
Mártires, de um mundo descontrolado
Mães que geraram no ventre homens e mulheres
Desejosas de uma sociedade mais humana
Que seus martírios sejam lembrados

Agora e sempre! 

5 de maio de 2014

BARBÁRIE - Essa não é uma obra de ficção, e qualquer semelhança não é mera coincidência!



Na idade Média uma série de atos punitivos de cunho religioso eram realizados  com perseguições motivadas pela crença de um povo que entendia ser necessário punir que supostamente praticava rituais exotéricos. Estima-se que foram de 40 a 100 mil execuções por ato de bruxaria em quatro séculos.  Nesse cenário de horror, as vítimas eram mulheres, considerando um período de conceitos arcaicos, dominado ideologicamente pela Igreja Católica, prevalecendo uma visão teocrática, onde o ser humano não tinha valor nenhum,  principalmente a mulher.  

A violência era extrema e tudo servia para incriminar uma mulher de bruxaria, participar de revoltas, utilizar de curas alternativas contrariando o poder médico, a sensualidade... Até o erotismo da mulher foi considerado aspecto do mal na sociedade. Muitas mulheres foram conduzidas à fogueira por despertarem interesse sexual, acusadas de desvirtuarem os homens com atos libidinosos.  E tudo isso acontecia em praça pública, para que todos pudessem ver esse espetáculo de horror, atraindo a atenção das pessoas.



Anna Pappenheimer tinha 59 anos, filha de coveiro, casada por 37 anos com um limpador de fossas, teve 7 filhos, dos quais três sobreviveram. Essa família foi denunciada como bruxos por um criminoso condenado. Foram presos, interrogados, torturados com violência extrema e para diminuir o sofrimento admitiram o pacto com o diabo. Anna confessou que havia voado em um pedaço de madeira para ir de encontro ao diabo, que havia feito sexo com seu amante demoníaco, matando crianças para fazer um unguento para passar em seus corpos. Condenados por feitiçaria, os adultos da família foram condenados à morte. Anna teve a pior punição: ela foi despida e os seios decepados e colocados à força na boca de Anna e dos dois filhos, enquanto sofria com uma hemorragia ininterrupta. Alemanha, século XVI.(Jornal do Brasil, 22/03/2014)

E como a população assistia a isso passivamente? Como se deixou influenciar? O povo acreditava firmemente que estava fazendo a coisa certa, porque a Igreja determinava o pensamento daquele período. Motivado pelo medo os atos de violência e crueldade justificavam o elemento causador de toda essa barbárie.


Fabiana Maria de Jesus, 33 anos, morta no Guarujá, litoral paulista, por causa de um boato espalhado na internet, de que havia uma sequestradora de crianças na região.  Fabiana foi amarrada, espancada e arrastada por um grupo de moradores  do bairro Morrinhos, do Guarujá.  Era mãe de dois filhos. São Paulo, 2014. (Folha de São Paulo, 05/05/14)

Hoje estamos diante de uma nova barbárie cinco séculos depois, quando  vemos estampada em manchetes de jornais, nas redes sociais, nos canais de vídeo,  uma série de práticas denominadas de justiça, espalhando uma crueldade sem limites, instigadas por uma  mídia que ideologicamente teima em implantar um pensamento irracional  numa população desacreditada e com medo. Medo de que? Da violência, da impunidade, agem em nome da sociedade, que assiste passivamente a esse tipo de punição exposta pela mídia. Hoje a praça pública foi substituída pela câmera de vídeo, pelos sites e redes sociais.

Josimar Dias de Sena, 18 anos, foi retirado à força de sua casa por homens desconhecidos no dia 17 de abril. De cuecas, amarrado com pedaços de lençol a um poste de energia elétrica, recebeu golpes de fio de cobre. Durante as agressões, suspeito de assalto, foi obrigado a gritar: Nunca mais vou roubar no morro. Os moradores filmaram o espancamento e postaram em rede social.

A ação de justiceiros que  se colocam com poder de polícia nos remete ao período da caça às bruxas, não só pelo modo de operar como pelo fato de pensar que está fazendo o certo, punindo aquele passível de punição, sem o direito de se defender, baseado em denúncias e supostos crimes cometidos.
Na noite do dia 31, um adolescente de 15 anos foi agredido a pauladas e acorrentado nu pelo pescoço a um poste no Bairro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro. Testemunhas afirmaram que o garoto foi agredido por cerca de 30 homens que estavam de moto, porque supostamente teria roubado peças de bicicletas. As fotos e o vídeo foram postados em rede social, alguns aplaudiam e outros repudiavam a essa cena de horror. Canais televisivos fizeram desse ato uma subida nos índices de audiência.

O que percebemos até aqui é que existe um temor da população que fica exposta a qualquer tipo de criminalidade, que não acredita na justiça, que não se sente protegida e pode fazer justiça com as próprias mãos,  começa a agir por conta própria, instigadas por grupos que disseminam a violência e apoiam atitudes como estas. Uma ideologia dominada por uma mídia sensacionalista e manipuladora que convence o agressor de que está correto quando toma em suas mãos a decisão de quem pode viver e quem deve morrer, numa perspectiva punitiva.

Nessa  nova versão de caça à bruxas, a vítimas são os pobres, os pretos e as mulheres. Por que será?

9 de março de 2014

Quem é essa mulher? A puta comunista, transgressora, a militante, a subversiva – mulheres na ditadura militar



“Tenho muitas perguntas na minha cabeça para fazer a esses militares. E quem devia fazê-las? Os políticos. Os deputados, ditos representantes do povo, da gente. Existe político?” (Zuzu Angel)

No último dia 07 foi noticiado pela Agência Brasil, o pedido de desculpas do Estado brasileiro a uma professora, uma psicanalista, uma advogada e uma jornalista, por violências e perseguições sofridas durante a ditadura militar, e vão receber indenizações relativas aos prejuízos materiais que sofreram devido à perda de empregos, exílio e prisão por motivos políticos. Neste mesmo texto, o jornalista Jorge Wamburg relata fatos acontecidos com essas mulheres no período de repressão política vivido no Brasil durante a ditadura, e me chamou a atenção a história da jornalista Lúcia Leão, que foi presa quando tinha 16 anos, passando 30 dias detida no Doi-Codi, em São Paulo, onde testemunhou requintes de tortura contra outros presos políticos. Diate desse fato recente, emerge a necessidade de escrever sobre essa mulher.  

Romper o silêncio imposto sobre a importância dessa mulher num contexto histórico masculinizado como o da ditadura militar, é romper historicamente um ciclo de invisibilidade feminina. Ouvir a voz, o grito, o choro de mulheres que enfrentaram de diversas maneiras estereótipos construídos para diminuir uma consciência política quando as mesmas se engajavam em movimentos e partidos políticos na luta pela democracia.
Onde estão essas mulheres que não ocupam espaço na escrita da história do Brasil? Mulher subversiva era considerada prostituta: a PUTA COMUNISTA. Essas mulheres eram motivo de desonra para a as famílias, pois contrariava toda uma tradição de preparação para o casamento e entrava na militância política “como homens”.
“Até quando haverá no Brasil mulheres que não sabem se são viúvas, os filhos que não sabem se são órfãos, criaturas humanas que batem nas portas implacavelmente trancadas, de um Brasil que julgávamos ingenuamente isento de tais insanas crueldade?” (Tristão de Athayde)
A resistência da mulher à ditadura militar rompeu com padrões tradicionais de gênero, criando como sequência a disseminação da violência e da tortura adquirindo características específicas de violência baseada no gênero. Degradação, humilhação, torturas direcionadas ao corpo feminino foi uma prática adotada pelos militares como uma espécie de aviso oculto “deveria procurar seu lugar, agora aguente.” Estes eram os agentes do Estado brasileiro.
“Funcionários de um Estado de Exceção, que, durante a ditadura militar, tinham licença especial para matar, torturar ou estuprar.  Agentes que viam as mulheres militantes como desviantes, aquelas que renegam sua natureza ousando ocupar o espaço da luta política.” (Susel de Oliveira)
Maria Amélia Teles, foi presa em 1970 junto com seu marido. Era militante do PCdoB. Seus filhos foram levados para a sala de tortura, para presenciar as sessões. Hoje milita pelos direitos de presos políticos e também pelas mulheres.

A necessidade de exposição da figura feminina submetida à tortura, ou aos filhos ou marido/companheiro fazia parte do objetivo de denegrir essa mulher, mostrar o outro lado, deixava de ser vista como mãe, santa, esposa e passava a mostrar a figura desnuda da prostituta, justificando a prática do estupro. Quase todas as mulheres presas foram estupradas pelos agentes do Estado.

Quero encerrar essa postagem/desabafo falando de Lucia Murat, por quem tenho admiração a partir do momento em que tive contato com sua história de militância, sua experiência de tortura nos porões da ditadura, a qual influencia as suas obras. O documentário “Que bom te ver viva!” desconstrói o estereótipo criado para identificar essas mulheres e apresenta a força, convicção, resistência e superação dessas mulheres que acreditaram que podiam mudar o país. Meu respeito e admiração pela coragem. Essas mulheres não devem ser esquecidas pela nossa história.




 REFERÊNCIAS
"Eu, Zuzu Angel, procuro meu filho", de Virgínia Valli.







30 de dezembro de 2013

Mensagem de final de ano - que 2014 seja repleto de amigos, grandes amigos


Este blog deseja a cada visitante um 2014 repleto de amigos verdadeiros, os grandes amigos.



A LISTA (Osvaldo Montenegro)

Faça uma lista de grandes amigos
que você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados para sempre
Quantos você conseguiu preservar

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava
Hoje assovia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acreditam que amam você?

8 de dezembro de 2013

Quantos zilhões de horas são necessários para se recompor da maratona agilizando documentos para o intercâmbio?


Quantos zilhões de horas são necessários para se recompor da correria para providenciar todos os documentos para o embarque? Faço esta pergunta para começar esta postagem, pois foi assim que Felipe Nascimento se referiu ao cansaço da maratona que está enfrentando para providenciar toda documentação necessária para fazer a viagem da sua vida.

Felipe é estudante do 2º ano da Erem de Itaparica, participou da seleção para o intercâmbio no Canadá, mas apesar da nota, não foi classificado para ocupar as vagas destinadas a esta viagem. Ficou triste e não contava com a possibilidade de ser chamado por causa de desistências. Quem iria desistir de um sonho como esse?

Foi o que ocorreu: houve desistência para o intercâmbio em Nova Zelândia e imediatamente foi convocado o primeiro nome da lista de espera na GRE de Floresta: o nosso Felipe Nascimento Cavalcanti! Sonho? Loucura? Inacreditável! "Eu não se acredito, preciso ver, que alguém da GRE fale comigo, não consigo acreditar!"
A notícia foi dada por uma aluna intercambista que viu a chamada e o nome que constava na lista, logo toda a escola já estava vibrando de tanta alegria, e Felipe? Parecia que estava em outra dimensão. Imprimiram lista, destacaram o nome, ligaram para a família... Tudo foi muito rápido. E deveria ser mais rápido ainda, porque o grupo para Nova Zelândia vai embarcar entre o final de janeiro e início de fevereiro, muita coisa deveria ser providenciada em tempo hábil: declarações, autorizações, autenticações, passaporte... ufa! Uma verdadeira maratona, viajar até a capital em dois dias, ninguém dorme.
Grupo da Nova Zelândia: Jorge Lucas, Mariana, Felipe, Matheus e Joicy

Realmente, quando todo esse trabalho for concluído, serão necessárias zilhões de horas para se recompor Felipe, quem sabe quando estiver atravessando o oceano rumo à Nova Zelândia você poderá descansar de verdade, com a sensação de dever cumprido e sonho começando a se realizar. Todos os amigos ficaram tristes com você quando não foi classificado, foram a força que precisava para se animar, e ficaram enlouquecidos ao sair sua convocação para este intercâmbio, e com certeza todos estarão consigo lá, do outro lado do mundo, durante estes seis meses de uma das maiores experiências da sua vida.

Caio, Jorge Lucas, Mariana Mirelly, Thales Henrique, Matheus, Gilcirley, Joicy e Felipe

E Jatobá se orgulha por enviar para o exterior oito filhos, que Nova Zelândia e Canadá receberão de braços abertos  para cuidar, ensinar e trocar experiências de culturas tão diferentes.
Para todos, desejamos uma viagem inesquecível!

23 de novembro de 2013

Canada and New Zealand, receiving the sons of this land - aprendendo inglês para me comunicar com os intercambistas 2014 da EREMI



Nova Zelândia é um país localizado lá do outro lado do Oceano Pacífico, foi a última grande massa de terra a ser habitada por seres humanos. O Canadá é um país que ocupa grande parte da América do Norte. Estes foram os destinos escolhidos pelo Programa Ganhe o Mundo para os estudantes que fazem parte da Gerência Regional de Educação de Floresta. Dois países de língua inglesa que vão receber os filhos da nossa terra que passaram na seleção para o intercâmbio no exterior, os quais este blog tem o prazer de apresentá-los.

O primeiro grupo selecionado embarcará no início de 2014 para a Nova Zelândia, a data será marcada posteriormente, mas já estão arrumando as malas, já estão com passaportes nas mãos e muitas expectativas: 

"Enriquecer meus conhecimentos, fazer novas amizades, conhecer outras culturas, e além de tudo, saber respeitar o lugar do outro, independente de cor, raça ou religião. Tentar desfrutar da melhor forma possível dessa oportunidade e passar minha experiência para outras pessoas, ou até mesmo para os futuros intercambistas." (MARIANA MIRELLY)

O grupo da Nova Zelândia é formado por 4 estudantes: Joyce Andrade, Matheus Silva, Jorge Lucas e Mariana Mirelly. Esta é a primeira viagem internacional que têm oportunidade de fazer e para alguns parece que ainda estão sonhando:

"Eu ainda não acredito que irei fazer o intercâmbio, para mim a ficha só cairá quando eu já estiver lá. Eu sempre gostei de inglês mas nunca pensei que um dia ia aparecer uma oportunidade dessas. Espero me divertir muito e voltar com um inglês muito melhor!" (MATHEUS SILVA)

Aperfeiçoar o inglês, representar Pernambuco, mostrar o que temos de melhor está no desejo deste grupo:

"Estou muito feliz, esperei muito por isso, e agora, se der tudo certo, iremos representar Pernambuco." (JORGE LUCAS)

Depois de um ano de curso intensivo de inglês, os estudantes passam pela seleção para o intercâmbio onde as etapas de avaliação são eliminatórias, uma tensão após a outra, esperando a aprovação em cada prova seletiva. 

O segundo grupo é formado por Thales Henrique, Gilcirley da Silva e Caio Henrique. Estes embarcarão para o Canadá no período de janeiro a março para uma das maiores experiências de suas vidas no maior país da América do Norte. Inacreditável...

"Eu passei... ainda não caiu a ficha. Só em pensar que vou realizar meu maior sonho, chego a me arrepiar. Mas a melhor parte é ser visto com outros olhos por meu pai, porque agora eu sou um orgulho pra ele. E Canadá me aguarde, porque aí vou eu!" (THALES HENRIQUE)

Realmente, é de não acreditar. Um estudante de escola pública ter oportunidade em viajar, experimentar outros sabores, conhecer outras culturas, conviver em outros países. Muitos se inscreveram em todo o estado, mas as vagas são limitadas. Estes meninos foram selecionados entre 200 estudantes da GRE - Floresta para 5 vagas. É de dar orgulho a Jatobá!

"Quando vi meu nome em primeiro lugar na seleção pra fazer a prova de intercâmbio, comecei a acreditar que tinha potencial, mas não achei que entre mais de 200 inscritos eu seria um dos 5 escolhidos. Com isso percebi que posso conseguir o que quero, só basta me dedicar, estudar e acreditar." (CAIO HENRIQUE)

Todos são estudantes do 2ºano do Ensino Médio da Escola de Referência em Ensino de Itaparica, que acreditaram num sonho e estão prestes a realizar. Este blog parabeniza cada um, comemora essa vitória com os amigos e familiares e torce por vocês, para que possam representar o povo jatobaense no exterior.


22 de novembro de 2013

Tratando de preconceito com muita criatividade - texto que foi dramatizado na Semana da Consciência Negra na EREMI



UM CONTO DIFERENTE

Era um vez uma princesa que passeava pelo jardim... OPS,  não era uma princesa loira, dos olhos azuis, era uma princesa. negra.

''Oi Coelho, Olá Curujinha,Bom dia a Todos. Meu nome e Diamante negro e hoje vamos falar um pouco da nossa vida em uma sociedade racista: 
Sabe, toda vez que estou fazendo meu ''teatrinho'' tem sempre alguém dando risada, até na minha escolinha é sempre assim, quando chega na época das festas juninas, eu nem posso concorrer a princesinha do milho.
- Por que?
- Por que os meninos falam assim : '' olha o milho queimado''...
Já na minha escola a professora não deixa eu representar as princesas nem os outros personagens das fábulas, nunca pude fazer, a branca de neve...
E eu não posso fazer nem a  Emília do sitio do Pica-pau Amarelo,por os meninos falam assim...''olha a boneca da macumba. Outro dia na minha escola eu fui fazer a Rapunzel os meninos estavam falando assim ''joga o cipo Rapunzel''.
- Na minha escola a professora só quer que eu represente o personagens do folclore, o boi tata, a cuca...
- Sabe eu queria que tivesse uma historia para as criancinhas negras protagonizarem...mas não tem. Quer dizer tem..a Anastacia, mas é descendente de escravos,  e só sabe fazer bolos.
- Eu já fiz teste para varias propagandas mais eu não pego,só quem pega e uma menina que agora entrou na novela,ela se chama Clara Castanho, sabe por que? Por que ela é clara e ainda é castanho. na televisão,só passa os protagonistas que tem a cor clara, e tudo assim : Maria Clara, Sol,Cristal e ainda quando tem  uma novela que a protagonista é preta, a novela chamada Cor do Pecado. 
O preconceito é tão grande que até nos laboratórios eles preferem ratos brancos,e até parece que um ratinho preto não tem coração nem pulmão.
Por isso eu gosto da Walt Disney ,ele fez historia para coisas diferentes, já fez o patinho feio, a ratinha preta, ja fez até pro bambi...
- Um peixe chamado Nemo, por que ele era laranja e branco, aposto se fosse um peixe preto, se chamava Demo; tem até um tal de avatar e os bonequinhos são todos azuis, num tem um avatar preto , e se fosse preto ia chamar ''avatapar''.
As crianças negras não tem ícones infantis. Até os anjinhos, os anjinhos são todos brancos.
***São protetor das crianças, Deus de vontade celeste, conversa com o Walt Disney pra escutar minhas preces, ah meu anjinho da guarda, dai-me uma historia de luz e não de escravidão, que eu seja a protagonista  de uma historia de amor e nunca alvo de risada nem pelo meu cabelo ou pela minha cor.Amém.

(Ana Quezia - 3º Ano A)


18 de novembro de 2013

Não precisamos de um dia da consciência negra... mas de uma consciência humana – a face controversa desta "vã" filosofia.


É fato que a internet nos possibilita uma gama muito maior de informações com uma rapidez nunca antes imaginada. É fato, também, que esse espaço virtual é o espaço mais democrático que existe até agora, onde postamos o que é de nosso interesse, acessamos o que quisermos. E uma destas postagens me chamou a atenção esta semana pelo teor de crítica em relação ao dia da Consciência Negra, a qual classifico agora de filosofia “rasa”, sem fundamentação teórica, sem base histórica, de um pensamento que exprime a invisibilidade de questões não só raciais, como sociais, que o Brasil tentou esconder em todo o processo histórico.

O problema que permanece aqui é a ignorância (no restrito sentido da falta de conhecimento). O que conhecemos de realidades sociais e econômicas acerca da população negra? Conhecemos os dados de mortalidade infantil e materna juntamente com seus atenuantes na população negra? Sabemos dos dados da violência no Brasil onde a população negra é a mais atingida? Conhecemos o afunilamento do acesso ao ensino superior na população negra? A desproporção em relação à formação educacional? Nos informamos dos últimos dados em relação ao percentual de defasagem salarial entre negros e brancos no Brasil?

Podemos ajudar nesse sentido, já que a questão aqui é a formação de uma consciência humana: no último dia 13 foi divulgado o resultado de pesquisa feita pelo Dieese com dados levantados entre os anos de 2011 e 2012 e mostra um Brasil desigual e discriminador. A pesquisa denominada “Os negros no mercado de trabalho” mostra as disparidades de oportunidades e uma defasagem salarial grande. Dos negros trabalhadores, aproximadamente 27% não concluíram o Ensino Fundamental, onde o percentual é de 17,8% dos não negros; a mesma pesquisa mostra que os negros saem perdendo na batalha por melhores salários, e de acordo com o Dieese um trabalhador negro com nível superior é, em média R$ 17,39, por hora, enquanto um não negro chega a receber R$29,03, por hora.

Se elencarmos as situações que incidem historicamente sobre a população negra num país que concebeu como mão-de-obra barata, justificada pela condição de inferioridade racial e intelectual, uma população que só servia para o trabalho compulsório, esta postagem não teria fim.  Um grupo social relegado à exclusão e invisibilidade pelo Estado Brasileiro, por uma sociedade hipócrita e dissimulada que sempre negou a negritude. A tão sonhada liberdade que nunca aconteceu de fato e de direito, a busca pela equidade em todas as circunstâncias, vem levantando bandeiras de luta por todo o país.


O dia 20 de novembro é dia de luta contra atitudes, práticas preconceituosas e discriminatórias. É dia da Consciência Negra sim, porque somos um país de pretos e a maior parte desses pretos está fora das universidades, do mercado de trabalho, da assistência do Estado.

Não nada adianta filosofar sobre uma consciência humana, sentar à frente de uma televisão, assistir os noticiários que expõe essas desigualdades, e esperar que o Estado ou os outros resolvam essa questão. É hora de parar com a hipocrisia de uma democracia racial que não existe na prática, e fica só no discurso demagógico. É hora de conhecer a trajetória de uma população vítima de uma  falsa abolição com todas as suas lutas até a conquista de direitos.

O dia 20 de novembro é a data que marca na sua agenda a lembrança destas lutas! 






20 de outubro de 2013

FESTIVAL DE TEATRO 2013 - IV EDIÇÃO: As cortinas se abriram para que a emoção subisse ao palco da EREMI



Em 2010 iniciávamos um projeto de Teatro na Escola com o intuito de encontrar novas estratégias para o estudo de História. Mal sabíamos que naquele momento estaríamos caminhando para uma jornada de edições que a cada ano nos surpreenderíamos com os espetáculos apresentados. Já são 4 edições e isso comprova que unir História e Teatro é uma combinação perfeita... principalmente quando relaciona conceitos de Filosofia, Sociologia e direitos Humano. A Arte presente em nosso cotidiano.
Este ano, as 11 turmas de Ensino Médio da EREM de Itaparica apresentaram no palco, no pátio e na rua o que aprendeu dos conteúdos estudados e das temáticas desenvolvidas, fizeram a pesquisa, deram corpo ao texto, deram vida aos personagens e empolgaram a quem assistiu, provocando as emoções e os aplausos.

Os primeiros anos subiram ao palco para denunciar as diversas faces do preconceito e discriminação, valendo-se do contexto histórico explicando a origem de um grupo que sofre exclusão social, política e econômica desde a colonização, mas que nunca deixou de lutar por seus direitos, desde a liberdade até o preconceito institucionalizado no Brasil.

 

 

Os segundos anos invadiram o palco com os movimentos contra o regime absolutista embriagados de ideias iluministas, ideias que transformaram o mundo e penetraram no Brasil com  muita força, alimentando sonhos e desejo de liberdade e independência, como a Inconfidência Mineira.



Os movimentos sociais e populares não podiam ficar de fora este ano, por isso foram abordados pelos estudantes dos terceiros anos, numa via de direitos sociais e humanos, historicamente fundamentados. E mais uma vez, os terceiros anos encerram esta edição, em forma de despedida, símbolos do amadurecimento, da segurança, do pensamento crítico explícitas nas produções  apresentadas. Com muito carinho, estas turmas nos deixam um legado de participação, não só nos trabalhos realizados, mas de participação e discussão em diversos debates e situações vivenciadas em sala de aula. 



A pergunta ainda permanece: vale a pena apostar num trabalho como esse? Eu mesma respondo: enquanto houver possibilidade de despertar no estudante o desejo de crescer e se superar, apesar das dificuldades e das barreiras que são impostas a eles, vale a pena conhecer como os jovens pensam, como percebem a realidade e como crescem quando são desafiados. O auditório e o pátio da escola, os estacionamento do box comercial forma o palco deste pequenos autores, produtores e atores que levaram sua mensagem para quem quisesse ouvir. Assim também se faz educação!


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